Minha pesquisa tem como objetivo contribuir com a ação evangelizadora da Igreja na Amazônia, a partir da atuação da Vida Religiosa feminina. Por isso me propus a identificar novas formas de presença missionária da Vida Religiosa feminina que possam contribuir na construção de uma Igreja com rosto amazônico e uma ecologia integral.
Coloco como motivação pessoal para a escolha desse título os vários jubileus celebrados nos últimos anos, por exemplo, 50 anos do Documento de Santarém (2022), 60 anos do início do Concílio Vaticano II (2022) e 50 anos da presença missionária das Irmãs Franciscanas de Maristella na região amazônica (2020). Estudar sobre a presença missionária das religiosas na Amazônia é um desejo antigo que se intensificou desde quando participei em outubro de 2012, em São Leopoldo-RS, de um Congresso Continental de Teologia para celebrar os 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II e os 40 anos da Teologia da Libertação. A pouca presença das mulheres nas principais conferências no Congresso tocou-me profundamente e me levou a pensar que no dia a dia, de fato, quem mais está presente nas Comunidades Eclesiais é a mulher, seja entre os fiéis, seja entre as lideranças que assumem os mais variados serviços. Todavia, quando se trata de articular e pronunciar um discurso que seja reconhecido, que fique registrado na história, a figura feminina é invisibilizada. Deduzi, então, que se as mulheres não estavam ali no Simpósio Continental de Teologia como teólogas, é porque estavam nas bases, no serviço aos mais pobres onde, também lá, não são reconhecidas pela hierarquia da Igreja ou pela historiografia, geralmente feita por homens, ficando assim as mulheres no silêncio e na invisibilidade.
É importante ressaltar que no processo de evangelização da Igreja na Amazônia, a Vida Religiosa feminina está presente desde 1877 com seus serviços ao Povo de Deus, principalmente nas grandes obras de educação, saúde e assistência social. Na primeira metade do século XX essa presença se intensificou; além das Congregações que chegaram à Amazônia, muitas outras foram fundadas na própria região. Com o Vaticano II e Medellín houve maior incentivo para a missão junto aos mais pobres e excluídos. Além dos grandes projetos e das políticas governamentais na Amazônia, constatamos também uma sociedade patriarcal como grande desafio a ser enfrentado pelas religiosas no sentido de defender a vida das mulheres, da Mãe Terra e outras vidas ameaçadas.
Diante disso, justifica-se a relevância da atuação missionária da Vida Religiosa Feminina na Amazônia, a qual se fez dom e presença na Igreja e sociedade, respondendo ao seu próprio modo, às incessantes e novas solicitações, particularmente, ao clamor dos pobres e da Mãe Terra, nossa Casa Comum.
ir. Ivoneide Queiroz