Sábado Santo. A presença das mulheres.
Neste dia, a Igreja entrega ao nosso silêncio o mistério da paixão e da morte de Jesus. O Evangelho confia este momento de salvação, alto, tremendo e solene, em particular às mulheres, que percorrem no seu pensamento todos os passos em direção ao Calvário, que recordam os seus gestos de amor para com todos; sobretudo, guardam no seu coração a aljava de vida que as suas palavras sempre acenderam. Não podem acreditar que tudo acabou, porque o amor não pode acabar e a violência não pode ser mais forte do que a vida.
Ela é um “sim” à vida desde a sua germinação, até ao momento do fruto, até à entrega total, para que outra vida possa continuar a ser. Assim, Maria, que no mistério acolheu e gerou Jesus, o próprio Amor, acompanhou-o no caminho da sua missão, partilhou os seus passos até debaixo da cruz, onde do seu coração dilacerado desabrochou uma maternidade universal.
“Debaixo da cruz estava Maria, a mãe de Jesus; (…) mulher, eis o teu filho” (Jo 19,25-27).
Como tantas mulheres que hoje sofrem a separação e a morte dos seus filhos por causa da violência ou das guerras, elas não morrem de dor porque há sempre a necessidade de acreditar e de gerar vida. E cuidam dos que ficam, dos que precisam de ajuda, dos que estão feridos e sozinhos.
Ali, debaixo da cruz, “estavam muitas mulheres que observavam tudo à distância, as mesmas que tinham seguido Jesus desde a Galileia para cuidar dele”.
(Mt 27,55)
“José de Arimateia depositou o corpo de Jesus no seu sepulcro novo… Maria Madalena e a outra Maria estavam ali, sentadas diante do sepulcro (Mt 27,60-61), em silêncio, como uma presença testemunhal que resume e celebra a vida. Esse silêncio toca as profundezas da vida, eleva-se como uma denúncia que não precisa de palavras.
As mulheres que seguem Jesus honram-no derramando lágrimas e óleos perfumados. Na sua morte, continuam a preparar aromas para uma unção de vida nova.
Muitas vezes, em situações emergentes, as mulheres actuam e movem-se juntas, nessa solidariedade que se torna força; a partilha de memórias aquece o coração, conforta e alimenta a esperança. Juntas, de manhã cedo, dirigem-se ao túmulo, desafiando o medo e o controlo dos guardas, levadas, ou melhor, atraídas pelo “Bem” que não se pode perder nem esquecer. O anjo do Senhor veio para revolver a pedra. Eles ficaram chocados, mas o anjo disse-lhes: “Não tenhais medo, vós! Jesus ressuscitou dos mortos e está diante de vós na Galileia. Ireis vê-lo!” (Mt 28,1-8).
Em particular, uma mulher apaixonada, Maria Madalena, que Jesus resgatou para a liberdade, não se resigna à sua morte, procura-o, invoca-o, atravessa as trevas do túmulo; encontra a força da ressurreição, o próprio Jesus.
Ele chama-a pelo nome e envia-a para levar o anúncio de que ele ressuscitou.
Também hoje é “Sábado Santo”!É sempre “Sábado Santo”! Estas mulheres deixam-nos a mesma missão: apaixonarmo-nos pela vida, em todas as suas expressões e dimensões, conhecer Jesus, sentir que Ele é a fonte da alegria, da energia nova, acreditar que Ele já venceu a morte e nos torna participantes da sua própria vida ressuscitada e nos envia a anunciá-la a todos.
(Grupo Kar.in – Itália)