O começo
Giovanna nasceu em Bolzano Vicentino em 23 de maio de 1868, filha de Luigia Teresa Francescato e de Stefano. Os pais dela eram pastores e Giovanna nasceu num estábulo quando eles estavam a caminho rumo aos pastos altos. Aos três anos, devido à sua constituição frágil, seus pais pensaram em confiá-la a alguns parentes que viviam em Breganze, para que, na estabilidade de um lar e na possibilidade de cuidados adequados, ela pudesse crescer serena. Giovanna passa sua infância e juventude com Maria, irmã de sua mãe, e seu marido Antonio Baggio, que já teve a alegria de ser seu padrinho “no feliz dia de seu batismo” (Mem I, 1). Giovanna é aquela filha que faltava no casamento deles.
Breganze é uma bela cidade situada nas colinas a nordeste de Vicenza. Rica em vinhas e pomares, está dotada de um conjunto de lojas de artesanato e pequenas fábricas que a tornam um centro de comércio e de trocas de produtos muito frequentado. Tem uma Igreja Maior e conta com a presença de numerosas associações religiosas e civis. Giovanna estava plenamente integrada neste ambiente e frequentava a Igreja com assiduidade, mas chegou o momento de crise quando, aos doze anos, começou a sentir “distração e indiferença em relação às questões religiosas” (Mem I,2).
Os sonhos
Precisamente no meio de uma crise existencial, o Senhor aproxima-se a Giovanna de forma imprevisível através de dois sonhos importantes: no primeiro, aparece-lhe uma amiga, recentemente falecida, que com um pequeno gesto da mão derruba uma grande torre dizendo: “Assim são as coisas do mundo!” Esse sonho comove profundamente Giovanna e impele-a a buscar o essencial, o que não passa, e a “começar uma nova vida” (Mem I,2).
O segundo sonho, ocorrido aos quinze anos, tem sons e cores de uma festa de casamento: “Parecia-me de estar numa casa onde o patrão preparou um banquete só para homens: fui destinada a servir à mesa, entrei e vi, entre todos, um sentado um pouco mais alto, lindo, resplandecente, muito parecido com uma imagem do Sagrado Coração [de Jesus]. Ele, olhando-me com olhar complacente, colocou a mão na minha cabeça e disse-me: “Se queres ser uma verdadeira filha minha, terás que consagrar-me o lírio da tua virgindade” (Mem I, 3). Ao despertar, desta vez, a alegria de Giovanna foi grande! E desde aquele dia habitou nela um desejo preciso: consagrar-se inteiramente a Deus.
Os passos
Pouco tempo depois, em 1885, Giovanna resolveu bater à porta das Irmãs Mestras de Santa Doroteia. Aqui aconteceram dois fatos que lhe revelaram um singular chamado de Deus. O primeiro foi o dela ter percebido claramente que o Senhor não a queria alí, mas “em Breganze, unida a outras filhas” (Mem I, 4). O outro foi o recorrer à intercessão de São José das Irmãs de Santa Doroteia para discernir se deviam manter Giovanna com elas: “Todas as Irmãs rezaram por mim porque precisava decidir se podia permanecer, pois devido aos problemas de saúde não achavam que podia ficar com elas. De fato, no dia de São José voltei para a casa dos meus tios em Breganze” (Mem I, 4). Destes dois acontecimentos, depreende-se claramente uma vocação singular à qual Giovanna correspondeu aceitando com docilidade os apelos do Espírito para seguir um “caminho que nunca teria imaginado”.