Maria, um “sim” aberto ao futuro

23
Dec

A liturgia deste último domingo do Advento alude claramente ao Projeto de vida e salvação que Deus, desde sempre, oferece à humanidade e que se torna concreto com a Encarnação de Jesus. Desde a criação do mundo Deus busca a comunhão com a humanidade, toma a iniciativa, propõe uma aliança de amor com o seu povo. Ao longo da história da salvação esta relação de amor foi proposta inúmeras vezes a homens e mulheres, até encontrar o “sim” incondicional em Maria, a jovem de Nazaré, uma aldeia pobre e ignorada, nunca nomeada na história religiosa judaica e, portanto, completamente à margem dos caminhos de Deus e da salvação.

Maria, neste tempo de Advento, é sempre uma figura prenha de significados: é a jovem que sabe renunciar aos projetos pessoais para acolher e arriscar seu futuro num projeto diferente do seu (não contrário, mas diverso), se coloca disponível, oferece a si mesma; é a mãe que cede o seu corpo para gerar uma nova vida e, neste caso, o Filho de Deus; é a mulher que acolhe a Palavra, que sabe escutar e esperar que o tempo se complete, mesmo sem compreender; é a mulher de fé que silencia e medita… se abandona à Promessa divina!

O Evangelho proposto para este domingo é exclusivo de Lucas. Para aprofundar a figura de Maria, e tirar proveito para o nosso caminho de seguimento de Cristo, “é interessante fazer uma comparação entre Lc 1,8-25, que narra anúncio do anjo a Zacarias e Lc 1,26-38, que narra o anúncio do anjo à Maria. Entre estes dois textos há semelhanças e diferenças. Enquanto o anúncio a Zacarias acontece no templo de Jerusalém, o anjo vai ao encontro de Maria na sua casa, em Nazaré, na discriminada Galileia. Zacarias é um sacerdote, um ancião cheio de conhecimento de Deus. Maria é uma adolescente, talvez tivesse apenas uns catorze anos”[1]. Para realizar a salvação da humanidade Deus escolhe um caminho inesperado e surpreendente: elege o que é insignificante e desprezado pelos homens, vai à periferia em busca de consentimento, é um Deus que pede licença, que entra sem invadir.

Este mistério profundo da Encarnação do Verbo interpela toda a humanidade, não é um acontecimento preso ao passado, mas refere-se ao hoje, a cada um(a) de nós. Deus continua a vir ao mundo e até nós em busca de corações disponíveis, abertos ao seu projeto de amor. Estamos atentos(as) aos mensageiros divinos que nos visitam através de fatos, encontros, experiências e vozes que nos interpelam ao esvaziamento, a deixar-nos guiar pelo Espírito, como Maria? Estamos dispostos (as) a responder ao apelo de Deus com um “sim” aberto ao futuro e, mais, que o antecipa? O que necessito mudar para que o meu sim seja semelhante ao de Maria? Deixemos-nos interpelar pela Palavra de Deus que nesta véspera do Natal do Senhor nos pede acolhimento e aconchego, espaço fecundo onde o futuro pode ser antecipação de uma promessa.

Ir Marília Polêto

[1] LOPES, Mercedes. Maria nos Evangelhos. (http://mercedeslopesmjc.wordpress.com/…/maria-e-as…/)

 

 

A liturgia deste último domingo do Advento alude claramente ao Projeto de vida e salvação que Deus, desde sempre, oferece à humanidade e que se torna concreto com a Encarnação de Jesus. Desde a criação do mundo Deus busca a comunhão com a humanidade, toma a iniciativa, propõe uma aliança de amor com o seu povo. Ao longo da história da salvação esta relação de amor foi proposta inúmeras vezes a homens e mulheres, até encontrar o “sim” incondicional em Maria, a jovem de Nazaré, uma aldeia pobre e ignorada, nunca nomeada na história religiosa judaica e, portanto, completamente à margem dos caminhos de Deus e da salvação.

Maria, neste tempo de Advento, é sempre uma figura prenha de significados: é a jovem que sabe renunciar aos projetos pessoais para acolher e arriscar seu futuro num projeto diferente do seu (não contrário, mas diverso), se coloca disponível, oferece a si mesma; é a mãe que cede o seu corpo para gerar uma nova vida e, neste caso, o Filho de Deus; é a mulher que acolhe a Palavra, que sabe escutar e esperar que o tempo se complete, mesmo sem compreender; é a mulher de fé que silencia e medita… se abandona à Promessa divina!

O Evangelho proposto para este domingo é exclusivo de Lucas. Para aprofundar a figura de Maria, e tirar proveito para o nosso caminho de seguimento de Cristo, “é interessante fazer uma comparação entre Lc 1,8-25, que narra anúncio do anjo a Zacarias e Lc 1,26-38, que narra o anúncio do anjo à Maria. Entre estes dois textos há semelhanças e diferenças. Enquanto o anúncio a Zacarias acontece no templo de Jerusalém, o anjo vai ao encontro de Maria na sua casa, em Nazaré, na discriminada Galileia. Zacarias é um sacerdote, um ancião cheio de conhecimento de Deus. Maria é uma adolescente, talvez tivesse apenas uns catorze anos”[1]. Para realizar a salvação da humanidade Deus escolhe um caminho inesperado e surpreendente: elege o que é insignificante e desprezado pelos homens, vai à periferia em busca de consentimento, é um Deus que pede licença, que entra sem invadir.

Este mistério profundo da Encarnação do Verbo interpela toda a humanidade, não é um acontecimento preso ao passado, mas refere-se ao hoje, a cada um(a) de nós. Deus continua a vir ao mundo e até nós em busca de corações disponíveis, abertos ao seu projeto de amor. Estamos atentos(as) aos mensageiros divinos que nos visitam através de fatos, encontros, experiências e vozes que nos interpelam ao esvaziamento, a deixar-nos guiar pelo Espírito, como Maria? Estamos dispostos (as) a responder ao apelo de Deus com um “sim” aberto ao futuro e, mais, que o antecipa? O que necessito mudar para que o meu sim seja semelhante ao de Maria? Deixemos-nos interpelar pela Palavra de Deus que nesta véspera do Natal do Senhor nos pede acolhimento e aconchego, espaço fecundo onde o futuro pode ser antecipação de uma promessa.

Ir Marília Polêto

[1] LOPES, Mercedes. Maria nos Evangelhos. (http://mercedeslopesmjc.wordpress.com/…/maria-e-as…/)