O dia 23 de maio é um dia especial para nós da família Ursulina. Dia que lembramos e agradecemos pelo nascimento da nossa fundadora, Giovanna Meneghini. Ela fui uma mulher que viveu do final do século XIX e que caminhou na simplicidade da vida quotidiana, sabendo ler os sinais dos tempos e confiando no seu coração, amando profundamente a sua terra e colocando-se ao serviço dos mais necessitados. Havia muitas necessidades naquele tempo e Giovanna, atenta à inspiração divina para cuidar das meninas que recebeu desde muito jovem, soube cultivar e valorizar no coração os donas recebidos e depois realizá-lo respeitando e esperando o tempo de Deus.
Aqui no Brasil, onde moro desde 2010, houve muitas ocasiões em que, como família Ursulina, apresentamos a querida figura da Giovanna. Foram feitas várias iniciativas: encontros para falar da suas vidas, encontros temáticos para comentar e aprofundar algumas características típicas de Giovanna, programas de rádio onde foram apresentados momentos da vida e aspetos da espiritualidade desta pequena-grande mulher: pequena aos olhos do mundo, mas grande aos olhos do Senhor.
Sempre marcou profundamente nas pessoas a quem nós apresentávamos os seus escritos autobiográficos, a bela expressão que usou ao contar como e onde ela nasceu: “Meus pais eram pobres pastores que iam no tempo do inverno de uma aldeia a outra com suas ovelhas em procura de pastagem. Em novembro de 1867 eles encontraram um lugar em Toara perto dos condes Barbaran e voltaram para o monte de Enego, sua terra natal, na manhã de 23 de maio de 1968: chegaram a Bolzano Vicentino à noite, refugiaram-se com os seus rebanhos num estábulo, onde agradou ao Senhor que eu viesse ao mundo.”
Esta expressão simples mas provocativa: “agradou ao Senhor que eu viesse ao mundo”, tem sido muitas vezes objeto de meditação, agradecimento e reflexão pelos amigos/as da nossa comunidade, ajudando-a assim a tomar consciência do grande dom de amor que todos nós somos pelo mundo e como todos somos profundamente amados por Deus.
Nestes anos, muitas pessoas se aproximaram da Madre Giovanna e começaram a admira-la, conhecendo suas peculiaridades e traços característicos. Desejo partilhar algumas afirmações que me parecem as mais significativas.
“A simplicidade desta mulher, uma mulher do povo, que entregou totalmente a sua vida quotidiana, ela serviu o Senhor na pessoa dos pobres, em particular do mundo feminino”: a preocupação com a situação feminina tem sido um elemento muito importante para o povo de Boa Vista. De fato foi muito marcante como Giovanna soube, em sua época, acompanhar as jovens não com métodos duros e azedo, de reivindicação social, mas assumindo em si os sentimentos de Jesus Cristo: a mansidão e a humildade, acreditando e confiando no Senhor e nas inspirações que Ele lhe doava.
Da mesma forma algumas expressões que Giovanna utilizou em suas cartas foram objeto de reflexão e motivo de escolhas vitais para algumas pessoas, como quando ela escreve para Orsola Balasso à qual estava viajando para a cidade de Cormons para aprender o trabalho de fabricação das meias, trabalho que as ajudará a sustentar a nova casa que estava iniciando: “Enquanto isso, vá, aprenda o trabalho com paz e tranquilidade de espírito, e quando o seu Arcipreste disser que agora deve pensar apenas para a viagem… faça isso, e o bom Senhor então providenciará.” É a atitude dos santos que enfrentam as novidades da vida confiando no Senhor e vivendo intensa e profundamente todos os dias da vida.
Ainda, o exemplo de vida que ela deu continuamente, foi muito importante: não só através das palavras, mas com as atitudes assumidas e com as suas escolhas, com a suas certezas no Senhor, como podemos observar durante as negociações de compra-venda do terreno para a construção da casa: apesar que todos diziam ser um negocio impossível, ela acreditou em seu coração, que lhe garantiu que aquela terra seria de São José: simplicidade dos pobres, fé, obediência total a Deus e grande desejo de servir ao Senhor ajudando as jovens.
Outra característica profundamente sentida é o constante diálogo e confiança que Giovanna testemunha ter com as suas irmãs: uma atitude que fala de comunhão e solidariedade, valor muito presente neste momento histórico e também muito lembrado e recomendado pelo Papa Francisco: ser sinodal.
Agradecemos ao Senhor pela vida e obra de Madre Giovanna, por conseguir ser fiel a Deus e à história, dando ao mundo uma nova esperança de vida.
ir. Antonia Storti